sábado, 10 de agosto de 2019

CARLINDO D. INOCENCIO PI. ÚNICO MANIÇOBEIRO VIVO.


Já foi escrito muito sobre os maniçobeiros e ciclo da maniçoba, no sudeste piauiense com riqueza de detalhes. Foi uma economia no sertão que foi muito útil aos maniçobeiros que tiravam a borracha e vendiam aos atravessadores que mantinham os homens como escravos. Quando acertavam contas ficavam com quase nada. Mas como a seca sempre castigou aquele lugar o maniçobeira não tinha escolha. Paralelamente havia os tropeiros que levavam em burros e jumentos a borracha de Canto do Buriti, São João do Piauí, Caracol, São Raimundo Nonato para Petrolina e Juazeiro Bahia.
Os empregados de tirar a borracha moravam em tocas na Serra da Baixa Verde Riacho Piauí, Serra da Capivara entre outras. Na serra da Baixa Verde tinha uma toca onde eram negociadas as borrachas e tinha forró dança e cachaça. Mulher não tinha o cara tinha de virar sabe se a como.
Essa abundância da maniçoba foi até meados dos anos 1940 do século XX no Sudeste piauiense. Esse que rabisca esse relato não viveu esse período ainda nem era nascido, pois nasceu no meio do século XX. Mas como bom na oitiva de ouvido, sabe algumas coisas curiosas que vai contar. Raimundo Rocha um negrão metido a valente e bom de lábia falou uma coisa na hora do trabalho debaixo de um sol de 40º que lhe pegou um apelido que ele depois brigava quando alguém o chamava de “Buguel”. Para um cara falar esse apelido precisava ser também bom de briga.
João Severo falou uma coisa para o primo Carlindo até de forma inocente. Disse João quando ia para maniçoba: “por isso que é bom agente não criar nada, assim pode ir ganhar um dinheiro”. Carlindo achou um absurdo aquilo, pois criava umas coisinhas. Aliás, acho que Carlindo Maroto é dos últimos vivos do tempo da maniçoba. Ele também trabalhou com seu irmão Manoel e primos.
É isso, como gosto de também dizer está “dizido” o que sei a respeito do ciclo da Maniçoba no sudeste piauiense onde nasci.

ADÃO NHOZINHO

Nenhum comentário: