Como
era o sertão do Piauí onde nasci, interior Dom Inocêncio, Piauí até 1960. Era o tempo
dos tropeiros e boiadeiros. Escola quando havia era particular tipo pela pedra
onde o professor não sabia nem para ele. O aluno usava caneta tinteiro, fazia cantoria
aprendendo o ABC ARITMÉTICA e cartilha. Quando já mais adiantando copiava textos
de livros quem os tinha, e fazia o ditado. Tinha de saber a tabulada de cor.
A
palmatória era um método pedagógico, mas era uma forma infantil de aprendizado, pois
é difícil aprender algo na pancada e sim pelo estimulo. Contudo, não é que o
cara aprendia a ler escrever uma carta, fazer as quatro operações. Já era um “sabido”.
Missa
uma vez por ano onde havia batizado, casamento, às vezes crisma. Rolava muito forró,
cachaça, brigas na faca cabo de chifre. Noivos e festeiros iam a cavalos e
jumentos outros a pé.
Comida:
carne de bode, milho com feijão. Arroz era coisa de rico. Para fazer beiju
tinha de lavar a mandioca ralada em muitas águas. Para fazer um cuscuz tinha de
botar o milho de molho e usar pilão era trabalhoso. Café torrar e pilão. Arroz com
casca tinha de pilar. Enfim, tudo era com muita mão de obra.
Noticias
quando tropeiros e boiadeiros cruzavam vindo de outras regiões vilas cidades. Rádio
só na cidade. Uma música fazia sucesso por mais de dois anos. Os sanfoneiros
tinham de ficar improvisando umas notas e versos singelos. Corria muita fofoca, as
Fake News de hoje.
Hoje
lá está mudado. Escolas, vacinas, automóveis, internet. Mas chegaram também costumes,
drogas e violência à mão armada.
Um
resumo de parte do que vi e ouvi no alto sertão piauiense nos anos 1960/73.
ADÃO
NHOZINHO