DENTUDO
Fazenda Nova nasceu através de promessa um
lindo menino chamado Dentão. Quase morre ainda
Criança, no seu tempo no sertão piauiense,
morriam mulheres de parto e as cainças, poucas escapavam. Dentão foi curado por
um benzedor, só que esse o curou em tudo, o menino Dentudo não tinha sorte com
nada que criava, seus bichinhos morriam todos. Certa vez foi caçar uma cabra
que talvez desse cria, mas um malvado carcará (espécie de gavião) tinha
arrancado os olhos e língua do cabritinho. Foi um dos dias mais tristes de Dentão,
nem pode trazer o cabrito para casa, chorou e deixou no mesmo local este não
sobreviveria sem olhos e língua.
Cresceu era o mais velho, de três irmãos
homens e oito mulheres, três morrem crianças. Sua alegria era vê gado, as
boiadas saindo do Piauí para Petrolina e Juazeiro-Bahia. Como não tinha noção
de dinheiro achava um absurdo vender bois tão bonitos, para o menino valia mais
a beleza de cada boi. Foi crescendo e logo se desapontou porque não tinha bois,
mudou completamente sua paixão por gado.
Passou admirar quem tocava sanfona, e era
bom de facão nas brigas, sem matar ninguém, só como esporte na época. Aprender
ler e escrever não fazia sentido para o menino Dentão, foi tropeiro trabalhou
na roça e fora um caçador modesto.
Saiu com 18 anos destino a São Paulo,
deixando seus parentes, mas cheio de esperança. Hoje vive com simplicidade, não
tem ilusões, é agnóstico e sem luxo. Não tem quase nada, enfim, não
precisa de certas coisas.
Nasceu no Piauí sobreviveu só 18 anos, mas
ama igualmente como São Paulo.
ADÃO NHOZINHO.