sábado, 15 de agosto de 2009

DENTUDO


DENTUDO

Fazenda Nova nasceu através de promessa um lindo menino chamado Dentão. Quase morre ainda
Criança, no seu tempo no sertão piauiense, morriam mulheres de parto e as cainças, poucas escapavam. Dentão foi curado por um benzedor, só que esse o curou em tudo, o menino Dentudo não tinha sorte com nada que criava, seus bichinhos morriam todos. Certa vez foi caçar uma cabra que talvez desse cria, mas um malvado carcará (espécie de gavião) tinha arrancado os olhos e língua do cabritinho. Foi um dos dias mais tristes de Dentão, nem pode trazer o cabrito para casa, chorou e deixou no mesmo local este não sobreviveria sem olhos e língua.
Cresceu era o mais velho, de três irmãos homens e oito mulheres, três morrem crianças. Sua alegria era vê gado, as boiadas saindo do Piauí para Petrolina e Juazeiro-Bahia. Como não tinha noção de dinheiro achava um absurdo vender bois tão bonitos, para o menino valia mais a beleza de cada boi. Foi crescendo e logo se desapontou porque não tinha bois, mudou completamente sua paixão por gado.
Passou admirar quem tocava sanfona, e era bom de facão nas brigas, sem matar ninguém, só como esporte na época. Aprender ler e escrever não fazia sentido para o menino Dentão, foi tropeiro trabalhou na roça e fora um caçador modesto.
Saiu com 18 anos destino a São Paulo, deixando seus parentes, mas cheio de esperança. Hoje vive com simplicidade, não tem ilusões, é agnóstico e sem luxo. Não tem quase nada, enfim, não precisa de certas coisas.
Nasceu no Piauí sobreviveu só 18 anos, mas ama igualmente como São Paulo.

ADÃO NHOZINHO.

MORENOS OU NEGROS? D. `NOCÊNCIO-PI.


JATOBAZINHO:

Jatobazinho, um lugarejo de Dom. Inocêncio-Piauí. O povo residente nessa região era negros, só dois vieram.
 De fora, Minervina mulher de Lino e Gregório Preto. Até aonde se sabe, começou com Manoel Antônio, casado com Rosa filha de Pedro da Boa Vista. Esses  escravos não sabem sua origem. São prováveis que sejam descendentes de escravos, todos os mais velhos.
A região onde moravam não tinha sequer terra boa para plantar, só sobraram umas as pedras e muita água.
Viviam de pesca e fazendo artesanato de caroá, (rede, corda, surrão). Antes dos governos militares, de 1964/ 1985, não havia aposentadoria para gente da roça, votavam, porém direitos nada. Escola, saúde e transporte só para gente da cidade. Alguns filhos fazendeiros iam estudar na cidade. Esses negros de Jatobazinho eram sofridos em tudo. Chegou morrer gente de fome nas secas que sempre castigavam o Nordeste, especialmente o Piauí.
Os negros do Jatobazinho não misturavam o sangue com os brancos da região, não podia nem dançar com brancos.
Mas o povo de Jatobazinho era gente honesta não pegavam nada de ninguém, mesmo passando por todo tipo de necessidade. Hoje, 2009 eles vivem bem melhores, o lugar já virou uma vila, falta energia por descaso do prefeito município de Dom. Inocêncio. Comparando ao passado recente eles estão no paraíso.
*Joãozinho um dos habitantes era um sujeito inteligente, mesmo sendo criado sem vitaminas,  e outros cuidados.
Um padre do município chama os de morenos, para agradá-los, coisa boba! Negro não é ofensa, se adjetivá-lo, ai sim cabe processo. Não é o caso.
Fui colega de alguns desses negros do Jatobazinho.

ADÃO NHOZINHO.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

tropeiros

Tropeiros,

Uma cultura que acabou no Brasil, hoje não se vê mais tropas e tropeiros. O tropeiro foi importante no desenvolvimento do Brasil. Na região que nasci, São Raimundo Nonato, na zona rural, os tropeiros cortavam o sertão, chegando até Pernambuco e Bahia. Transportavam de tudo, vendiam e comprava. Era um meio de correio, levavam cartas de filhos que estudavam nas cidades.Tio Plínio de Poção, quando viajava para Petrolina, levou muita gente para São Paulo. Era uma vida sofrida, mas divertida, chegava passar mais de mes, entre ida e volta. Fiz a última viagem para Carnaíba no mesmo município, São Raimundo Nonato-Piauí, isso em 1972. Após minha saída para São Paulo, acabou, ninguém mais tropiou.
Meu tio Plínio, foi tropeiro, meus parentes e vizinhos todos foram tropeiros.

Quanta saudade da saudosa tropa, alguns poetas fizeram musícas falando de tropa, ex. Luis Gonzaga: tropeiros da Borborema, e outros, têm uma letra que vários artistas gravaram, o El Bandoleiro.
Sou um tropeiro sem tropa.
Terra-Vermelha. 14/08/09 Sp.