Recordo dos tempos
difíceis do sertanejo de minha região. Faltava tudo até comida. Melhorou um pouco
nos governos militares quando eu já havia saído de lá. Os pais além da comida
quase sem calorias pensavam na escola para todos as moças se casarem; os meninos
ter o mínimo de letramento para fazer uma ficha quando saíssem pelo mundo— destino ao sudeste ou DF— Meus tios maioria eram analfabetos, mas botaram os filhos
na escola. Lembro-me de Cícero dá Roberta Marota, que incentivou Neuza minha irmã, a ser
professora dos filhos dele de Nicolau, Temista e mais outros. E nós irmãos de Neusa.
Outro dia estava
vendo uma bela professora do “EJA” (educação de jovens e adultos) não recordo
de qual estado nordestino, mas um lugar muito sofrido. Ela professora com toda paciência
e bondade fazendo àquela gente de mão calejada e dar os primeiros passos para o
caminho do saber. Como sou um pouco emotivo senti
sair algumas dos meus olhos. Vendo os adultos sentindo à sede do saber como falava
o hino do antigo Mobral.
Eu reconheço
que não tenho jeito para lecionar, mas admiro os mestres. Aprendi muitos com as
pessoas de minha precária formação. Uma professora de matemática falou que eu
não devia escrever enquanto ela explicava a aula. Que eu poderia ficar sem
braços e se soubesse matemática, essa ainda tinha valor para mim. Isso foi forte
na minha vida.
Na minha
escola no sudeste os professores eram de minha idade, depois bem mais jovens.
Se mais não apreendi com eles (as) culpo minha cabeça, como dizia tio Carlindo Maroto
a respeito o seu Alvino Soares, um sábio
do Piauí.
Tenho um
conceito de que os moleques não estudam por safadeza e vão pela lei do menor esforço.
A escola pode ser fraca, mas se o cara quiser aprende. Nisso não culpa os governantes.
Temos de ter vontade e saber o significado do conhecer.
Deus abençoe
os mestres do Brasil.
(A-B-O-C-D-E-F-G-H-I-J-L-M-N-O-P-Q-R-S-T-U-V-X-Z.W-K-Y)
NÚMEROS: (0-1-2-3-4-5-6-7-8-9-0)
Dom e Ravel
“Você também é responsável
Autores: Dom e Ravel
Eu venho de campos,
subúrbios e vilas,
Sonhando e cantando,
chorando nas filas,
Seguindo a corrente sem
participar,
Falta-me a semente do ler
e contar
Eu sou brasileiro anseio
um lugar,
Suplico que parem, prá
ouvir meu cantar.
Você também é responsável,
Então me ensine a
escrever,
Eu tenho a minha mão
domável,
Eu sinto a sede do saber
Eu venho de campos, tão
ricos tão lindos,
Cantando e chamando, são
todos bem vindos.
A nação merece maior
dimensão,
Marchemos prá luta, de
lápis na mão.
Eu sou brasileiro, anseio
um lugar,
“Suplico que parem, prá
ouvir meu cantar”
ADÃO
NHOZINHO