Há
pouco tempo um senhor que foi tropeiro no sudeste do Piauí, fez uma viagem
voltando no tempo e espaço por onde andou desde menino. No interior do Piauí até
1980 havia uns poucos tropeiros, mas como no passado, já declinava e acabou. Abel
conseguiu comprar uma fazenda de criação de gado construiu uma grande família
enfim, vivia sossegado.
Um
dos filhos de Abel Abelardo que foi tropeiro como o pai, mandou os filhos
estudar em Salvador na Universidade Federal da Bahia. Foram duas moças e dois rapazes as moças formaram em Letras os homens; um
engenheiro agrônomo o caçula fez história
passo a escrever se tornou historiador.
Quando
os netos vinham de férias ficavam conversando o avô ele contando como era no passado
e sua vida de tropeiro viajando para Oeiras,
Flores Picos, Caracol Piauí, Crato Ceará, Petrolina Pernambuco. O historiador já
formado e com livros escritos pediu ao avô que fizessem os mesmos percursos que
Abel fizera no tempo das tropas tropeiros.
O
velho ficou animado e preparou uma "tropinha" com seis animais levam carne seca
rapadura farinha feijão e livros que o rapaz escreveu para doar em escolas públicas
por onde passavam. Abel contratou dois
cabras ajudantes e seguranças, pois no Piauí de agora está cheiro de ladrão como
nas cidades grandes.
Pronto
tudo seguiram primeiro para Caracol Piaui. O neto escritor ficava encantado com
o que via e ouvia pela estrada. Fez doações de livros seus.
De
Caracol foram para Oeiras, passando em Flores Piauí, onde Abel queria ver se
ainda encontrava uma ex-namorada que teve
por lá. Ela estava viva, mas cega ainda reconheceu a voz de Abel, foi um
reencontro emocionante...
Abel
disse ao neto Belarmaino que Morena era uma cabocla bonita só não casou com ela
porque tinha uma namorada onde morava. De Oeiras chegaram a Picos ficaram uns dias
fazendo visitas onde era a feira e escolas públicas onde as historiadoras,
escritor fazia palestras sem cobrar nada e doava livros.
Em
Picos o neto de Abel recebe uma ligação de uma neta de Morena que ela tinha
morrido falando o nome dele. Abel chorou muito e foi a igreja católica pedir
que rezassem uma missa para a alma de Morena, seguiu para o Crato Ceará. Nessa
cidade fizeram o que vinham fazendo e revendo algumas pessoas que ainda estavam
vivas, distribuindo livros em escolas públicas e o escritor, historiador
fazenda palestras para as crianças falando da relevância que tiveram os
tropeiros no passado, não tão distante, pois Abel com 85 anos foi dos últimos
tropeiros nordestinos.
Seguiram
para Petrolina, Pernambuco fazendo por onde passava o mesmo. Descanso revendo
velhos amigos e doando livros aulas etc. Em Petrolina Abel ficou encantado,
pois nunca mais tinha ido lá o comércio como cresceu, ensino superior, centro médio,
a aviação. Foi ver o Rio São Francisco onde dava água os animais, como mudou
tudo dizia Abel ao neto famoso.
De
Petrolina seguiram na estrada antiga para Remanso, Bahia. Em Remanso foi que
mudou, pois à cidade antiga não existe mais ficou debaixo d água. Ainda
encontrou gente de seu tempo, encontrou até um homem que teve uma desavença com
Abel por causa de negócios, mas já tinham feito às pazes. Da cidade baiana voltaram
para sua fazenda em Brejinho. Voltaram todos felizes: Abel, por passar pelo
mesmo caminho que no tempo de tropeiro passou e o neto historiador, por conhecer
um pouco da história do avô e distribuir livros.
Seu
Abel ficou feliz em voltar ao tempo, mas ficou magoado com o que viu e ouviu
por onde passou. Bealarmino mais enriquecido em com seu acervo histórico da terra
dos seus pais. Ele hoje mora na França é pesquisador.
Fui
só saber isso e conto mesmo se tiver algum valor fico feliz, senão fazer o que
seu Severiano Silvano.
ADÃO
NHOZINHO.