quinta-feira, 19 de abril de 2018

BOIS AMAVAM SUA CARREIRA.


Um velho carreiro, já cansando de carrear, para sua filha pasou a direção da boiada. Foram anos ela carreando com um ajudante. Quando ela não podia carrear, bastava dar ordem que os bois obedeciam a outro peão. Como naquele tempo, moças e rapazes casavam jovens, ela casou com seu peão, um rapazinho que apareceu na fazenda sem pai nem mãe. Ela ficou sendo mãe, pai e mulher do Peão.
Mas os bois só a ela obedeciam. Mesmo seu marido e ajudante, eles não saiam do lugar. Era precisa ela sair na janela e dizer vão: “Turino e Pintado, Pretão e pé-duro”.
Foram muitos anos, nessa lida carreira tirando café e leite, do sertão para cidade. Ela já quase não trabalhava com a boiada de quatro bois. Mas à saída era ela quem dava.
Certo dia ela caiu morta e os bois sem sua ordem, a levaram ao campo santo, em passos lentos como quem choravam. Seu marido e vizinhos ficaram admirados, como os bois sem ouvir a voz da sua dona, transportaram seu corpo ao cemitério. Mas após aquele dia fatídico, eles se revoltaram, não obedeciam mais a ninguém e sumiram pelos campos, morrem um a um, de tanto desgosto...


NHOZINHO XV.

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