terça-feira, 28 de julho de 2020

ALMA DE TROPEIRO AJUDA CHOFER.

1959/60 em Afrânio Pernambuco a Juazeiro do Norte Ceará. João Ribeiro era motorista de um caminhão Chevrolet dos primeiros a rodar pelo serão nordestino. Transportavam de tudo, coisas do sertão para cidade e vice versa. As estradas eram precárias e quando chovia o chofer sofria com o caminhão atolado e sem socorro dependendo do lugar.

João viajava sem ajudante por economia, contratava gente onde descarregava, mas andava sozinho. Certa vez no tempo de chuva, o caminhão ficou atolado às 2h da madrugada, no escuro e sozinho; ali perto de Afrânio sentido a Juazeiro Ceará. João ficou sem ação era impossível sair daquele atoleiro sem ajuda.

Mas como era um homem religioso apelou para o céu e foi socorrido. Enquanto chovia ele comia rapadura com farofa e pensando em Deus. Logo viu um vulto no escuro, mas não conseguia ver quem poderia ser. Teve medo, mas confiou em Deus. O vulto perguntou o que tinha acontecido ele explicou que o caminhão estava atolado e sozinho  no escuro  chovendo era impossível sair dali.

A figura quase invisível mandou João acelerar que ele empurrava o caminhão. O chofer ficou a principio achando que não conseguia sozinho empurrar um caminhão carregado, mas obedeceu. O caminhão berrou e foi soltando da lama até sair fora com segurança. João ficou feliz da vida com o milagre só podia ser. Quis pagar pelo serviço, mas o vulto não recebeu. Porém, recomendou que quando João passasse por uma casinha na beira da estrada dessa uma ajuda a uma mulher viúva que la viva com filhos famintos.

Quando João Ribeiro chegou à morada chamou pela mulher ela o atendeu. Ele disse do acontecido e entregou o dinheiro, mas a mulher ficou perplexa. Contou a João que o marido dela foi um tropeiro que morreu naquela estrada. E foi achado morto por outro tropeiro de Afrânio Pernambuco  no rancho. E um filho de dez anos chorando sem saber o que fazia. Esse tropeiro era pai de João que nem sabia do ocorrido, pois o pai já tinha morrido. João deu um dinheiro e rapadura à mulher e seguiu viagem, com mais fé ainda no desconhecido. E uma lição: não duvidar é senha.

 

ADAM NHOZINHO


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