O
ciclo da borracha maniçoba no Piauí sudeste foi intenso e de certa forma gerou riqueza
para uns poucos. Digo pouco, porque sempre teve os atravessadores que levam
vantagem. Tropas e comerciantes cruzavam de Caracol a Petrolina, Canto do Buriti
São João do Piaui todos destino a Petrolina/Juazeiro. Levavam cartas de pais para
filhos que estudavam em Recife e Salvador. Compravam “algumas coisas que só
havia na cidade como perfume, remédios, tecidos as “fazendas” como era chamado
o tecido pano”. Em uma dessas viagens incansáveis certa vez um rapaz que trabalhava
em juazeiro manda uma carta para mãe em Remanso Bahia.
Na
carta o rapaz falava da saudade da mãe o pai já havia morrido. Perguntava do
burro, da espingarda, da sanfona e de uma namorada, se ela estava mesmo o esperando
para casar quando ele voltasse, sabe se lá quando, porque como empregado em armazéns
tudo dependia do patrão.
Nas
paradas quando se juntavam mais de uma tropa era uma fresta. Sempre tinha
sanfoneiro, violeiro e cantadores entre os tropeiros. Rolava cachaça e homem
dançando com homem uma loucura. Mas ninguém era gay, muitos deles se viravam com
burras e jumentas da tropa, coisa normal no sertão de antigamente.
Era
tempo da segunda guerra mundial 1945 e quando chegava à vila de origem o povo
fazia festa quando os tropeiros chegavam e queriam saber quem estava ganhando a
guerra se os aliados ou os alemães. Foi emocionante uma carta de um soldado que
fora a guerra lutar ao lado dos aliados e mandou uma carta para mulher colada
com sangue. Quem escreveu falou que ele estava gravemente ferido e na próxima carta
a mulher teria noticia. O soldado já tinha morrido. Assim era à vida do
tropeiro um correio ambulante de noticia boa e ruim.
Foi
comoção geral quando os EUA jogaram em (6 e 9) de agosto bombas no Japão. O Piauí
e todo nordeste chorou. Assim contei parte da vida tropeira no Piauí outras partes
do nordeste
ADÃO
NHOZINHO.
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